sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Arcano XV: Comandando a Folia



Eis que o Carnaval já está novamente instalado aí, nas capas das revistas populares, nas fotos dos jornais, nas reportagens da Tv, na publicidade, nas ruas, nas músicas executadas pelas emissoras de rádio, etc.
Essa festa pagã, bastante libertária desde a sua origem, encontra ressonância também num dos arquétipos do tarot:o DIABO. Sobre esse Arcano, de número XV, a quem tantos temem (o DIABO é o medo irracional das pessoas...) podemos refletir a respeito, aproveitando os dias de festa sob o reinado de Momo.

É óbvio que DIABO e Carnaval combinam: diversão, atrevimento, sensualidade, exagero, ânimos exaltados, excitação, fantasia, disfarce, confusão, abuso de bebidas e outras drogas lícitas ou não, energia a 1.000!

São dias e noites em que os sentidos estão liberados, as paixões acontecem desenfreadamente, a censura fica muito mais branda, os pudores (especialmente os "falsos"!) desaparecem, a noção de ridículo... bem, essa fica mesmo é sem noção!

A ilusão toma conta das ruas e dos salões na forma das fantasias: reis sem castelos, piratas sem tesouros, marinheiros que nunca navegaram, falsas baianas e ciganas de araque, todos podem ser aquilo que quiserem, verdadeiras Cinderelas à espera do badalar chamando para a Missa de Cinzas para se despirem das roupas do delírio e assumirem as suas personas.



Então, na Quarta-feira de Cinzas, vemos o Arcano XX, o JULGAMENTO clamando para nos arrependermos dos excessos praticados. Para nos recordarmos que "somos pó e ao pó retornaremos", e para que isso fique bem claro, marcamos com cinzas uma cruz na testa (afinal, não é a cabeça o playground do DIABO?). Esse arquétipo é sempre um convite à autoanálise, a avaliarmos nossas ações e omissões, a compreendemos que o caminho para uma maior elevação espiritual é pavimentado pelas experiências vividas e julgadas.

O que o JULGAMENTO propõe é uma reflexão sobre o conceito de renascimento. Podemos, a qualquer tempo, "renascer" espiritualmente, dar um passo em direção à luz do esclarecimento espiritual, bastando para tanto que sejamos honesto na avaliação do nosso percurso, dos nossos objetivos, do nosso comportamento e da forma com que agimos e nos relacionamos. Para que possamos progredir é necessário que possamos identificar nossas dificuldades e nos ajudarmos a superá-las.

O Carnaval termina para que a Quaresma se inicie. E é ao final desses 40 dias de preparação, reflexão, meditação, moderação e penitência (para aqueles que se incluem em religiões que adotam esse comportamento, naturalmente) que acontece o grande momento da fé cristã: Jesus, após ter sido morto e sepultado, revive e ascende aos céus.

Essa é a proposta das cartas 20 e 21 (JULGAMENTO e MUNDO) do tarot: que após um percurso, após termos vivido um ciclo (longo ou curto) façamos uma revisão, um balanço, uma recapitulação bastante sincera sobre nossa pessoa, como seres que possuem corpo e espírito, e possamos "renascer" como indivíduos melhores e iniciarmos um novo período, um novo tempo, com novas, maiores e mais sábias expectativas.
O saldo acaba, então, sendo positivo.

Bom Carnaval!

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Um mergulho no inconsciente: O Diagrama de Leitura "A Sacerdotisa"



O tarot não é um instrumento de adivinhação, mas de reflexão. Se pararmos uns instantes para pensar que os primeiros baralhos de tarot datam do século 15 e que a psicanálise nasceu na primeira metade do século 20, temos um longo espaço de tempo em que essas cartas colaboraram com que os que delas se utilizavam para refletir sobre suas ações, seus comportamentos e estados de espírito. É claro que a Igreja também assumiu esse papel ao instituir o sacramento da Confissão: quando o fiel fazia o "exame de consciência", reconhecia suas faltas, seus "pecados", e se arrependia deles, estava "livre" dos mesmos. O processo é mais ou menos semelhante numa sessão de análise: verbalizamos aquilo que nos incomoda e dissecamos os seus componentes. A partir daí nos "libertamos" das nossas angústias pois passamos a reconhecer e dominar o que nos parecia sombrio ou difícil de aceitar.

Importante: os oráculos não pertencem ao âmbito da Ciência e sim do Esoterismo. Portanto eles (todo e qualquer oráculo) não são substitutos nem alternativas para a consulta, avaliação e o diagnóstico em qualquer especialidade do Conhecimento Científico.



O esquema de jogo aqui apresentado chama-se "A Sacerdotisa" e versa sobre o que há nos planos consciente e inconsciente de quem o consulta, bem como propõe refletir sobre o que fazer para harmonizar os mesmos.

As 3 (nº 1, 2 e 3) cartas na base da pirâmide representam o oceano profundo do inconsciente onde se alojam sonhos recentes, sincronicidades, coincidências, sabedoria interior e diversos símbolos importantes para quem consulta. O tarólogo não lê essas 3 cartas buscando uní-las num único significado, mas individualmente, nem faz julgamentos (bom/mau, positivo/negativo) a respeito. Elas são o que são: imagens a serem reconhecidas por quem consulta. Neste ponto deve-se confiar unicamente na intuição;

As 2 cartas da linha do meio representam aquilo que percebemos, que está mais próximo à superfície, chegando ao nível de consciência, mas cujas raízes (origens) estão firmemente plantadas no mais profundo do inconsciente.
A carta da esquerda (nº4) representa os aspectos negativos, o lado sombra que muitas vezes tentamos ignorar, esquecer, evitar, mas que, em assim procedendo, estamos só sedimentando sua presença e ampliando seu efeito.
A carta da direita (nº5) representa os aspectos positivos, aqueles recursos pessoais com os quais podemos contar.
Essas duas cartas devem ser equilibradas, praticamente se neutralizando, para que haja harmonia; se não estiverem, o tarot aconselha que se medite a respeito e, identificando os problemas e dificuldades, procure recuperar o equilíbrio;

Finalmente, a carta do nível superior (nº3) representa a superfície desse vasto oceano que é a nossa mente, aquela tênue linha onde o inconsciente e o consciente se encontram. A importância dessa carta é que ela justifica e dá significado às 5 primeiras cartas relacionando-as com fatos e eventos da vida de quem está consultando o tarot.


Neste exemplo temos a seguinte possível interpretação da capacidade intuitiva do Consulente (a pessoa que consulta o tarot):



Primeira Linha:
TEMPERANÇA (Arcano XIV): refere-se ao equilíbrio necessário nas relações interpessoais, na forma que organizamos nossa vida (trabalho x descanso); (na imagem este Arcano é chamado de Alquimista)
MORTE (Arcano XIII): costuma representar o fim de ciclos, o que é necessário terminar, aquilo que já não satisfaz e deve ser eliminado para que algo novo, mais positivo possa "nascer"; (na imagem acima este Arcano é chamado de Transfiguração)
CARRO (Arcano VII): simboliza a capacidade de administrar a própria vida a partir do aprendizado adquirido de experiências prévias;


Linha do Meio:
JUSTIÇA (Arcano VIII): nesta linha já podemos buscar interpretar as cartas e no caso desta, que ocupa a posição nº4, que neste esquema de jogo representa os aspectos negativos, pode-se interpretar como: agir de forma injusta, ser cruel, extremamente distante, frio e calculista, agir movido apenas pela razão, julgar os outros a partir do seu próprio ponto de vista.
DIABO (Arcano XV): ainda que esteja numa posição positiva, de acordo com a linha de interpretação proposta acima, esta carta sempre tem um "peso" negativo e acaba por influenciar as que lhe estão próximas. Portanto há um desequilíbrio  neste ponto que deve ser observado pelo Consulente. O DIABO representa vícios, nossas dependência (físicas, químicas, emocionais e espirituais), conflitos, brigas, desentendimentos, ignorância, preconceitos; (na imagem acima este Arcano é chamado de O Senhor Sombrio)



Linha Superior:
SACERDOTISA (Arcano II): não por acaso surge a SACERDOTISA, a própria representação da ligação entre os planos consciente e inconsciente, nesta posição. Esse Arcano sugere o estudo, o mergulho no conhecimento (científico, acadêmico, esotérico), o rasgar do tênue véu que separa o conhecimento ancestral, intuitivo, atávico que carregamos, e aquele que adquirimos na realidade do nosso cotidiano.

Possível Leitura: (sim, porque a leitura do tarot depende de "n" fatores e, em especial, da troca de informações entre o tarólogo e o consulente)
O Consulente deveria dedicar algum tempo na análise de como tem conduzido suas relações interpessoais, sejam na família, no trabalho ou no lazer. Observar se está sendo o suficientemente paciente, atencioso, pacificador, altruísta e compassivo com os seus semelhantes. Conter ímpetos de raiva, de sarcasmo e ironia; atentar para possíveis dependências (medicamentosas ou não) que possam estar estimulando uma série de estados de ânimo que podem influenciar no seu comportamento social e em particular.


Redução Teosófica: (soma dos valores numéricos de todas as cartas até que sejam reduzidas a um número entre 1 e 21, ou seja, o número das cartas dos Arcanos Maiores do Tarot)

14 + 13 + 7 + 8 + 15 + 2 = 59    5 + 9 = 14

 O nº14 compete ao Arcano TEMPERANÇA, que também está presente na Linha Inferior desta tiragem. A TEMPERANÇA sugere que se haja com paciência, buscando integrar todos os aspectos da vida em uma única e fluída harmonia. Ela representa os processos dos líquidos no nosso organismo (corrente sanguínea, sistema urinário, hormônios, etc), bem como as dependências, os vícios, sejam eles de bebida ou outras drogas lícitas e ilícitas, bem como os medicamentosos (soníferos, por exemplo). A TEMPERANÇA, na vida social, é a representante da diplomacia que deve sempre existir nos relacionamentos, em todas as áreas do convívio humano, pois ela representa a aceitação entre as diferenças, o pacífico convívio entre todos.
Portanto, com a SACERDOTISA ocupando o ápice desta pirâmide e a TEMPERANÇA na Redução Teosófica, o Consulente poderá refletir sobre o que é necessário reequilibrar dentro de si para que seus relacionamentos (em todos os níveis) possam ser mais efetivos e recompensadores.

Observação: as leituras oraculares, inclusive o tarot, em hipótese alguma substituem as consultas, diagnósticos e recomendações realizadas por profissionais devidamente credenciados da área da saúde e demais áreas do conhecimento científico e/ou acadêmico. As leituras e interpretações oraculares, inclusive as que se utilizam do tarot, servem como um suporte à meditação e reflexão.


terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

O Louco, Arcano 0: divina loucura



O LOUCO, o Arcano Sem Número, é a carta do tarot que nos remete à figura estereotipada do inocente, do incauto, daquele que ainda não tem experiência suficiente e nem conceitos éticos e morais definidos. O LOUCO somos todos nós quando nos defrontamos com algo novo, algo que desconhecemos, sobre o qual não possuímos suficiente domínio para que nos sintamos seguros. É quando nos comportamos de forma estranha, aleatória, tentando aprender aqui e ali, brincando com a própria sorte, sem um objetivo claramente definido mas buscando entender o ambiente, as pessoas ou situação. Estamos LOUCOS, por exemplo, quando iniciamos um novo emprego, quando entramos num novo curso, quando nos mudamos para uma outra localidade, quando começamos um novo relacionamento, quando terminamos a faculdade e precisamos aprender na prática aquilo que só conhecemos teoricamente. LOUCOS são os cientistas, os filósofos, os descobridores, os artistas, os grandes educadores, todos aqueles que ousaram, e ousam, ir além do convencional, confiando em sua intuição e na proteção espiritual.

Esse Arcano é conhecido como descompromissado, irresponsável, desocupado, desorientado, não confiável, despreparado, mas lembrando sempre que essas qualidades negativas podem ser percebidas quando, numa leitura tarológica, sua carta surge numa posição menos privilegiada. A seu favor podemos dizer que existe muita energia, disposição, boa vontade, fé, alegria, ausência de malícia,  e abertura para o novo. Viver as energias representadas pelo LOUCO é olhar o mundo como uma criança o faz, sem preconceitos, sem censuras, mas com encantamento. É a descoberta do que significa viver, confiando unicamente nas experiências que vai tendo.
Capa/Parangolé: Arthur Bispo do Rosário

LOUCO é aquele que tem fé, que confia plenamente que algo o protege e guia seus passos. A própria Fé, uma das 3 virtudes teológicas, é muito bem representada na figura deste arquétipo que se entrega, sem questionamento, nas mãos do seu Criador pois ele sente que assim procedendo, nada lhe faltará. Em tempos mais antigos, aqueles que nasciam com alguma forma de comprometimento mental, ou aqueles que desenvolviam algumas características de insanidade eram, também, chamados de “Loucos de Deus”, pois acreditava-se que havia uma estranha, porém espiritual, conexão entre eles e o Divino.
LOUCO podemos considerar os “bobos da Corte”, únicos capazes de criticarem os próprios monarcas sem perderem a vida;  São Francisco de Assis, ao abdicar de todos os benefícios de uma vida de muito conforto e, inclusive, considerar como “irmãos” os animais e os astros; Sidharta, ao deixar o palácio real onde vivia com sua família, despindo-se de todos os símbolos de status e dedicando-se a encontrar a Verdade; também o comportamento de Jesus, fora dos padrões de sua época deixou marcas naqueles que registraram sua passagem terrena:
“A loucura de Deus é mais sábia que os homens e a fraqueza de Deus é mais forte que os homens” (1Cor 1, 25). Rejeitado pela família, de modo que “nem mesmo os seus irmãos acreditavam nele” (Jo 7,5), e abandonado por grande parte dos seus seguidores “muitos dos seus discípulos se afastaram e não andavam mais com ele”, (Jo 6, 66). Para as autoridades judaicas da sua época Jesus era apenas um louco, um obcecado (Jo 8, 48). Somente um louco, um samaritano endemoniado, podia, com efeito, denunciar os chefes religiosos como filhos do diabo e assassinos (Jo 8, 48), e desejar o fim da instituição religiosa que se acreditava fosse desejada pelo próprio Deus.

Portanto, ao receber a carta do LOUCO numa leitura de tarot, use-a como um convite e guia à meditação. Aproveite para rever conceitos e “verdades” que muitas vezes aceitamos sem pensar; observe o quanto de entusiasmo, curiosidade, boa vontade e ação está investindo naquilo que lhe é importante; dedique algum tempo para avaliar como está sua Fé, sua confiança em si mesmo e nas forças organizadoras do Universo (sinta-se livre para substituir “forças organizadoras do Universo” pelo seu próprio conceito do Divino); avalie o quanto responsável você se sente pelas suas escolhas, atitudes e, naturalmente, consequências. E procure também ver-se como possuidor de um espírito eternamente jovem, sempre disposto a novos inícios, sempre pronto a se transformar, crescer e desenvolver-se em busca da própria Iluminação.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Premeditação, a sabedoria das cartas do Tarot Egípcio de Kier




Conhecemos uma grande quantidade de jogos oraculares que se utilizam de cartas, lâminas semelhantes às do baralho, e podemos encontrar no comércio uma variedade deles, muitos com o nome de “tarot” ou “tarô”.
Em verdade são considerados Tarots (do italiano “tarrocco”) apenas os jogos compostos pelos 22 Arcanos Maiores e os 56 Arcanos Menores e que obedecem a estrutura simbólica e numérica do Tarot de Marseille (o mais tradicional) ou do Tarot de Waite (uma reinterpretação mais artística e didática dos Arcanos). Os demais oráculos, que não seguem esse padrão, não são “tarots”, mas “baralhos”, “cartas oraculares” e não há nisso nenhum menosprezo ou crítica em relação ao seu uso e eficiência como instrumentos de autoconhecimento e/ou oraculares.


 O “Tarot Egípcio de Kier”, um tarot argentino criado na metade do século passado e que não se enquadra exatamente nos padrões acima mencionados, sendo menos popular devido à complexidade dos seus símbolos e à estrutura dos seus Arcanos Menores, mas muito respeitado pelos tarólogos. Uma das suas cartas, a PREMEDITAÇÃO (nº 52) propõe que analisemos nossas escolhas visando sempre os fins pretendidos. O livre arbítrio, essa capacidade humana em optar, considerando benefícios e perdas e prevendo resultados, é um dos temas mais recorrentes nas leituras taromânticas.
Premeditar é ponderar, considerar alternativas, avaliar as estratégias e imaginar as possíveis consequências. É meditar, no sentido de isolar e focar sobre determinado assunto, avaliando-o racionalmente, observando seus detalhes e julgando sua veracidade ou adequação dentro de uma determinada situação ou processo de obtenção de um resultado pretendido.

É a planificação cuidadosa, astúcia, avaliação e a reflexão sobre os fatores e métodos a serem desenvolvidos e empregados na busca da satisfação pretendida.

Fazemos isso constante e até inconscientemente. Quando escolhemos uma roupa para vestir, se vamos ou não levar um guarda-chuvas, quando decidimos o que comer analisando um cardápio, ao escolhermos que programa de TV assistir ou se vamos ao cinema ou ficamos em casa. Optamos quando planejamos o itinerário da nossa viagem de férias, ou ao escolhermos qual a marca e o modelo de carro a comprar. Fazemos isso ao decidir sobre qual a melhor escola para os nossos filhos, ou se devemos ou não nos tornar sócios de um clube. Tomamos em nossas mãos a decisão de compartilharmos nossas vidas com alguém, de termos filhos e quantos e quais os nomes que daremos a eles, de nos separarmos. Todo o tempo estamos buscando discernir sobre o que é melhor para nós e para quem amamos.

Evidentemente erramos em algumas ocasiões. Talvez porque não tenhamos sido absolutamente racionais, éticos, justos, organizados, objetivos e críticos, honestos conosco, criativamente imaginativos, verdadeiros estrategistas ao analisar todo o processo da escolha.  Precisamos lembrar que não somos máquinas, insensíveis a mil e uma condicionantes tais como época, lugar, cultura, recursos, experiências prévias, idade, meio social, tradições, atividade, etc. Nestes casos só nos resta reconhecermos o erro e aprender com ele. Viver é um aprendizado constante e a nossa evolução espiritual também depende desse nosso esforço em coletarmos experiências, boas e más, e nos superarmos. Se a razão é importante no momento de escolher e definir metas, estratégias e objetivos, devemos considerar que os resultados serão muito mais percebidos pelos nossos sentimentos, nossas emoções. Sentir-se feliz e estar em paz com a nossa consciência, em harmonia com o ambiente que nos cerca e progredindo em nosso desenvolvimento espiritual são sintomas que estamos agindo corretamente na busca e conquista dos nossos objetivos . 

Portanto, quando a Razão parece não resolver o impasse, dê uma chance ao seu Coração. Muito provavelmente você irá acertar.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

2 de Espadas: Paradoxos


A Paz, como a Saúde, muitas vezes só é percebida e valorizada quando a perdemos, e a perdemos por não sermos autênticos ou fiéis às nossas verdades e princípios, desrespeitando a nós mesmos e aos outros sendo parciais no julgamento das situações em que estamos envolvidos ou que somos chamados a auxiliar. Por paradoxal que possa parecer, a Paz é conquistada (ou reconquistada) através de batalhas. Algo tão sonhado e ambicionado por todos, que representa o mais perfeito equilíbrio, a harmonia absoluta, a total empatia, acaba sendo experimentada e  obtida através de lutas, acordos, momentos de trégua, conflitos, indecisões, debates, reconhecimento de  bloqueios, estratégias.

Quando o 2 DE ESPADAS surge numa leitura de tarot, sempre, é claro, dependendo da sua posição no jogo e das cartas que o cercam, pode significar que estamos vivendo um momento de aparente equilíbrio, porém precário por ter sido obtido através da recusa em encararmos de frente, e com os olhos bem abertos, um problema, uma situação. Pode ser algo que nos incomoda mas que, por medo de perdermos nosso status, ou mesmo por comodismo, ou por querermos continuar a fingir para o mundo e para nós mesmos que está tudo bem, evitamos enfrentar e buscar uma solução. A carta acaba sendo um alerta de que, com nossa interferência direta ou não, esse conflito irá acontecer, mais cedo ou mais tarde e ficar colocando “panos quentes” só protela o que já está explodindo. É do tipo: "se correr o bicho pega, se ficar o bicho come". A alternativa, então, é reunir forças, equilibrar-se e enfrentar a situação da forma mais racional possível.

Estar em paz consigo mesmo é viver as suas verdades, de forma racional, emocional e intuitivamente equilibradas. É ter opiniões justas, pensadas, adotando-as e expressando-as, porém sempre com flexibilidade de análise para revê-las e repensa-las sempre que se fizer necessário e, também (muito importante!), saber respeitar as dos outros. É adaptar-se às circunstâncias do momento sem deixar de ser fiel a si próprio, não fazendo acordos, tratados e concessões que lhe roubem a dignidade, a autoconfiança, sua integridade e individualidade. Lembre-se que quando 2 mentes se unem num debate pacífico em torno de um problema ou situação, a verdade certamente irá aflorar e uma sábia solução poderá ser encontrada.

Às vezes o 2 DE ESPADAS nos faz compreender que fizemos acordos e tratos temporários, que bastam só por pouco tempo, no intuito de evitar o desencadear de um conflito. Entretanto uma solução que funcione a longo prazo, uma decisão mais durável poderá ser necessária e é sempre possível de ser encontrada. Conciliar nem sempre é a melhor solução sendo necessário que usemos do nosso raciocínio, nosso emocional e nossa intuição para a obtenção de resultados realistas, sólidos, eficazes e definitivos.

O 2 DE ESPADAS também é interpretado no ato de se fazer as pazes consigo mesmo. Reconciliar-se. Saber ser justo com sua própria pessoa, buscando e avaliando suas verdade interiores. Harmonizando-se e reequilibrando as relações com as pessoas e o ambiente que o cerca. Isso às vezes parece tão utópico, não é mesmo? Porém vale tentar. Lembre-se que a verdade pode, como uma espada, muitas vezes ferir, mas ela é libertadora, pois ela expõe à luz o problema, de forma nua e crua.

A melhor forma de vivenciar as energias deste arcano é levando os compromissos assumidos a sério, fazendo acordos que não sejam meros remendos, meros "tapa buracos", encarando os fatos com equilíbrio, imparcialidade, compreensão, mas sempre objetivamente.
Reavalie conflitos, esteja aberto ao diálogo, tenha clareza e flexibilidade mental, e faça as pazes com o mundo. Ele irá, certamente, lhe parecer um lugar mais adequado para se viver.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Arcano 17: a ESTRELA: saber que dias melhores virão

“Eu sei que é terrível tentar manter a fé quando as pessoas estão fazendo coisas tão horríveis… Mas, quer saber no que eu às vezes penso? Eu penso que o mundo está atravessando uma fase, da mesma maneira que eu atravessei uma fase difícil com minha mãe. Vai passar. Talvez não leve centenas de anos, mas algum dia irá terminar. E eu ainda acredito, apesar de tudo, que as pessoas são boas, no fundo dos seus corações.”
Anne Frank _ (Frankfurt am Main, 12 de Junho de 1929 — Campo de Concentração Bergen-Belsen, início de Março de 1945)
Até a 2ª Guerra Mundial parte da Europa tolerava o racismo e o anti-semitismo como algo normal e até natural. Quando os nazistas levaram a extremos inimagináveis essa maneira enganosa, tendenciosa e preconceituosa de pensar e agir, o resto do mundo percebeu que não poderia sob qualquer circunstância aceitar ou continuar sendo complacente com o ódio. Esse tipo de revisão e reforma de filosofia, direcionamento e intenção é a base do significado do Arcano XVII, a Estrela.

A ESTRELA é a 17ª carta dos Arcanos Maiores e pode ter sua numeração (17) reduzida (1+7) a 8, que é o número da carta da Justiça, dentro do padrão Marseille do tarot. É a combinação da racionalidade, imparcialidade e do equilíbrio (Justiça) com a intuição, harmonia e fé que a Estrela propõe. Também podemos entender, dentro da simbologia dessa carta, a necessidade de perseverarmos, de mantermos a confiança em nós mesmos e sermos otimistas e aproveitarmos as oportunidades e sabermos nos adaptar às circunstâncias.

A ESTRELA fala da humildade que devemos ter ao nos considerarmos parte da Natureza, nem melhores ou piores que os demais seres e elementos que a compõe mas iguais em importância. Além da idéia de união com a Natureza, com o Divino, a nudez e simplicidade dessa carta nos remete às origens da vida. A ESTRELA nos dá coragem para termos a esperança de que o nosso mundo também irá renovar-se, purificando-se nas águas, pois ainda que encontremos obstáculos em nosso percurso, a vida continua.  É a força do  trabalho emocional que desenvolvemos quando desejamos transformar uma idéia em realidade. É uma fusão de dois fluxos de consciência para criar um outro, maior, que podemos denominar intuição. Nós podemos mudar nossos destinos e para tanto basta-nos ter a necessária humildade de nos submetermos, de nos curvarmos, de trazermos o nosso ego a um ponto de equilíbrio, lavando-o das máculas do orgulho, da vaidade, do egocentrismo.

Numa leitura de tarot, dependendo da questão proposta pelo consulente, das demais cartas que a acompanham e da sua posição no esquema de jogo, a ESTRELA quase indefectivelmente simboliza otimismo, esperança e abertura a novas oportunidades. É uma carta de fala de renovação, quando o consulente pode recomeçar uma situação já existente ou então começar do zero, em algo novo e diferente. Essa é uma carta que sugere livrar-se da sobrecarga de detalhes, incidentes, fatos, compromissos, incidentes e que se busque o verdadeiro âmago da questão. É uma volta a um estado básico, muito mais simplificado e que requer uma limpeza. Portanto, se a pessoa estiver se sentindo ferida ou prejudicada, é hora de lavar-se de toda a dor, eliminando o sofrimento passado. Pode parecer difícil, mas renovar é algo que necessitamos experimentar continuamente. Significa ser humilde, não querendo sobrepujar os outros com atitudes de arrogância e orgulho. Humildade também não é reduzir-se a nada, esquivar-se de seus compromissos consigo próprio e com a vida. É reconhecer-se como parte integrante de algo maior, e não “ser o maior”. Essa é a base do aspecto otimista deste Arcano, pois quando confiamos num futuro que não dependa exclusivamente de nossos próprios esforços, estamos reconhecendo a interferência ativa de algo maior e isso é o que chamamos de Fé.

Numa posição mal dignificada na jogada, ou seja invertida ou quando representa as dificuldades e obstáculos no esquema do jogo, a ESTRELA pode significar que tememos o futuro, tememos sermos nós mesmos e tememos o que os outros possam pensar de nós. Temos dificuldade de expressar nossos sentimentos e, em especial, o amor. Pode ser indicativo de que estamos nos sentindo isolados e que estamos sofrendo de tensão e de ansiedade. Pode significar que a pessoa, envolvida numa miríade de detalhes, tenha perdido o rumo da própria vida. Isso é muito comum quando o assunto é trabalho e também pode acontecer quando vivemos um relacionamento em que estamos muito mais interessados na sua história e nos ressentimentos e rancores que experimentamos. Quando o consulente se sente reprimido ou à margem da vida, talvez seja necessário expor-se as feridas que provocam essa dor e limpá-las, permitindo a sua cura.

Em qualquer que seja o posicionamento da carta na jogada, ela significa, em última instância, uma das 3 Virtudes Teológicas, a Esperança (as outras 2 são Fé e Caridade). Após um período de sombras, chegou a hora de despertar novamente para a luz. Novas possibilidades aparecem no horizonte após o vendaval cósmico que provocou alterações em nosso espírito, alertando-o para uma mudança, às vezes, radical. Forças externas podem ter provocado essa mudança, mas se ficarmos atentos à nossa intuição, à nossa voz interior, iremos perceber melhor a nossa necessidade de nos transformarmos. Respeitando esses nossos ciclos estaremos nos reciclando, nos preparando para novas metas que serão vividas com o reconhecimento humilde de quanto ainda temos a realizar e aprender.

A Estrela, como os demais corpos celestes, é uma bússola da qual podemos nos valer em busca de orientação em nosso caminhar. Ela nos ajuda a compreender que rumo seguir, que direção devemos tomar, servindo como um farol que nos permite navegar com segurança e êxito pela vida.

Devemos lembrar que é quando temos autoconfiança e fé em nós mesmos, quando nossas emoções e nosso espírito estão harmonizados, que ouvimos a voz do nosso Guia Interior.

“Nós nos agarramos a alguns sonhos, quando tudo, ideais, esperanças, tudo está sendo destruído.”
Anne Frank _ (Frankfurt am Main, 12 de Junho de 1929 — Campo de Concentração Bergen-Belsen, início de Março de 1945)

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Ás de Copas: Amor elevado à Potência


O ÁS DE COPAS, como todos os ases do Tarot, fala de princípios, de começos, de iniciativas armazenadas prontas para serem postas em ação. É a semente que, se plantada e cuidada, resultará em algo maior, completo. Como esse ÁS é do naipe de COPAS, então estamos tratando da representação das nossas emoções, sentimentos, estados de ânimo e, dentro isso tudo, naturalmente o amor.

Entre as cartas dos Arcanos Menores do tarot, o ÁS DE COPAS nos fala do Amor, no seu sentido mais universalista. O Amor (sim, com maiúscula) que não conhece empecilhos, que inclui a misericórdia e a compaixão. O Amor que nos faz canais de retribuição de todo o Amor que recebemos do Universo (e aí cada um de vocês substitui "Universo" pela palavra que melhor se adapte ao seu conceito do Divino).

Essa carta, para muitos, representa o Santo Graal, que, conta a lenda, teria sido o cálice usado por Jesus, na Última Ceia e, depois, por José de Arimatéia, para aparar o seu sangue ao ser crucificado. Esse emblemático objeto, teria desaparecido e a sua busca, contada sobretudo através de elementos da cultura sócio-filosófica da Idade Média, representaria nossa missão na vida: algo que se deve aceitar, realizar com o uso dos nossos recursos pessoais e nosso sacrifício. Para os cristãos, simboliza a presença do Espírito Santo em nosso meio, pois nosso mundo não se sustenta tão somente das leis que os homens criam, dos conceitos morais que desenvolvem. Há algo superior a tudo isso e dá dá significado à existência em si, que é o seu aspecto espiritual.
Em termos muito práticos, essa carta nos fala de servir ao outro, de amar o próximo, de pureza de emoções, de um tempo de alegria e otimismo. É também, em termos oraculares, a possibilidade de um novo romance, de maternidade, de noivado e casamento, de fazer as pazes; de companheirismo no trabalho, de harmonia familiar e com o grupo social. Diz das oportunidades nascentes com grandes possibilidade de excelentes resultados, de fartura e abundância.
Mas é, especialmente o poder curativo, regenerador e transformador do Amor que o ÁS DE COPAS simboliza.

Essa carta nos faz refletir se estamos vivenciando plenamente o Amor em todos os aspectos da nossa vida. Nos faz pensar se estamos doando generosamente nosso carinho, atenção, compreensão, empatia, a todos que nos cercam e aos que nos procuram. Se comunicamos nossas emoções com clareza, com limpidez e segurança. Enfim, se permitimos que toda essa energia divina que recebemos permeie todas as áreas da nossa vida.
O que fazer quando o ÁS DE COPAS aparece na posição de Conselho numa tiragem de tarot? Bom, comece por reforçar a confiança em seus próprios sentimentos mais profundos e na sua intuição.  Solidarize-se com alguém, um grupo ou uma causa. Contribua. Entusiasme-se!
E, se você se pegar cantarolando algo do tipo "Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi...", não se censure: agradeça à Vida e ao Universo, que certamente estarão em total sintonia com você.


quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Rainha de Espadas: justiça, igualdade e honra

 

“A Vós, ingleses, que não tendes nenhum direito sobre este Reino da França, o Rei dos Céus vos ordena e intima por mim, Jeanne la Pucelle: retirai-vos de vossas fortalezas e retornai a vosso país, pois senão vos farei tal mortandade que dela se guardará perpétua memória. Eis o que vos escrevo pela terceira e última vez, e não mais escreverei”.         

         Assinado: Jesus, Maria e Jeanne la Pucelle

O parágrafo acima, claro, objetivo, corajoso, extraído de uma carta pedindo a rendição dos ingleses, foi escrito por Jeanne la Pucelle, Joana D'arc, também conhecida como a “Donzela de Orléans, uma visionária e mística francesa que, vestida em sua armadura, lutou pela liberdade de seu país contra os ingleses, nas mãos dos quais foi, finalmente, queimada como herege. 
Santa Joana D’Arc, é o exemplo da mulher que assume um papel considerado masculino em sua época, defende brava e corajosamente um ideal, tem um componente espiritual altamente desenvolvido e sucumbe vítima da intransigência, da arrogância das instituições, da incompreensão de seus contemporâneos, sem nunca perder a sua fé. Uma arquetípica RAINHA DE ESPADAS.

O elemento Ar, que representa nossas atividades intelectuais, mentais, de raciocínio lógico e temperamento colérico, ou seja, gente de “pavio curto”, é tratado no tarot pelas cartas do naipe de Espadas. As pessoas dos signos ligados ao elemento ar (Aquário, Gêmeos e Libra) são conhecidas pela firmeza de sua vontade e capacidade de decisão. Tem gente que chama a isso de “personalidade forte”. Na verdade, são pessoas bastante decididas, francas, autossuficientes, orgulhosas, corajosas, sempre prontas a ajudarem a resolver os problemas, a defenderem causas próprias e alheias. São muito observadoras e frequentemente intrometem-se na vida alheia, o que pode causar-lhes  reações desagradáveis, ainda que estejam movidas das melhores intenções.

Sarcásticos, conhecidos pela sua rapidez de raciocínio e pelo humor ferino, podem provocar situações de extremo desconforto com suas críticas e comentários jocosos. Nem todo mundo está preparado para a maneira crua e direta que usam em suas observações e discursos. Entretanto, são verdadeiros paladinos da justiça, combatendo sempre a opressão e a miséria que é infligida em seus semelhantes. E aqui podemos fazer uma referência a uma figura clássica de defensor dos pobres e oprimidos: Robin Hood. E pode um homem representar um arquétipo feminino? Claro que sim, desde que ele tenha como característica um forte componente de bondade, sensibilidade, afetuosidade e elegância em seu proceder.

Estava pensando em como descrever esse arcano quando me ocorreu que poderia ser interessante associá-lo a duas figuras muito importantes dentro do sincretismo religioso vivido em nosso país: Iansã e Santa Bárbara. Ambas, grande guerreiras, implacáveis defensoras de seus pontos de vista, não aceitam submissão ou qualquer forma de prisão. Uma,  deusa nos altares dos cultos  afro-brasileiros. A outra, santa nos altares católicos.

    iansã Iansã, também chamada de Oyá, foi uma princesa real na Nigéria, mais especificamente em Irá há aproximadamente 3.500 anos. Foi mulher de seu primo, Xangô, ao lado de quem lutou pela conquista de vários reinos que formaram o império Yorubá. Mais tarde, abandonou-o para defender sua cidade natal, disposta, até mesmo, a enfrentá-lo. Grande conhecedora das fórmulas e práticas mágicas,valente, corajosa e dedicada, conquistou o seu direito ao trono de Oyó.
     De Olorum recebeu a missão de atuar sobre todos os aspectos da natureza através do ventos, que ela manipula conforme a sua necessidade de atuação. Às vezes, em forma de tormentas, provocando uma reciclagem, através de mudanças e destruição. Noutras, espalhando o pólen das flores e as sementes das árvores, com uma cálida brisa, permitindo a sua germinação. É ela também que afasta as nuvens, permitindo que Xangô lance seus raios que rompem os reservatórios de água dos céus, fazendo chover.


Santa Bárbara, a sua versão cristã, foi uma jovem mártir dos primeiros séculos do cristianismo.
Morava em Nicomédia, cidade situada na atual Turquia, cujo pai mantinha-a enclausurada numa torre mandada construir para que ela não se desvirtuasse com os hábitos amorais da sociedade da época. Ainda que lhe apresentasse pretendentes, Bárbara os recusava, o que seu pai interpretou como uma forma de rebeldia por viver tanto tempo isolada. Permitiu-lhe então, que fizesse pequenas incursões à cidade, e foi lá que ela se inteirou da nova fé, chegando a ser batizada.
Tendo sua conversão ao cristianismo sido descoberta, seu pai a entregou às autoridades que a torturaram de todas as formas, amputando-lhe os seios, inclusive. Bárbara nunca renegou sua fé para salvar-se.  Ao final de seu martírio, seu próprio pai degolou-a. Enquanto sua cabeça tombava, ouviu-se um trovão e um raio vindo dos céus fulminou seu pai e seus torturadores. Nesse momento, ela ascendeu aos céus, com sua cabeça novamente junto ao corpo e a espada de seu sacrifício nas mãos. Santa Bárbara é invocada como a protetora contra raios e trovoadas e padroeira dos mineiros, artilheiros, caçadores, arquitetos, bombeiros e dos que trabalham com explosivos e fogos de artifício. 

Essas duas figuras femininas, detentoras de uma força e coragem tipicamente masculinas, são grandes representantes da RAINHA DE ESPADAS, e podem ser vistas, também, como símbolos de otimismo, auto domínio, convicção numa crença, filosofia ou ideal, e uma grande habilidade de avançar em direção de seus objetivos e de fazer justiça.
É isso que, numa leitura de tarot, ao surgir essa Rainha, sempre dependendo da posição dela no esquema do jogo, pode-se interpretar como a necessidade de frieza e imparcialidade de julgamento, de capacidade de raciocínio, de interesse e defesa por uma causa nobre; de organização, estabelecimento de ordem, disciplina e, até mesmo emitir um conselho, uma orientação a quem se fizer necessário.

   

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

A Chave: revelando oportunidades


Assumir que são nossas decisões pessoais que influenciam aquilo a que chamamos de "destino" é algo que muitas vezes procuramos, de todas as maneiras evitar. Responsabilidades, as temos muitas, por que então não transferir algumas delas a outrem? Por que fingimos não compreender o profundo significado daquele antigo e sábio ditado: "sempre colheremos aquilo que semearmos"?

Tantas são as pessoas que buscam nos oráculos e sortilégios a solução de seus problemas, acreditando que a simples consulta a eles resultará em respostas prontas, precisas e definitivas. Essas pessoas se recusam a ver que as cartas, os búzios, os mapas astrológicos, as runas, as folhas de chá, as borras de café, as varetas e moedas do iChing que consultam, por exemplo, são simples instrumentos utilizados para estimular uma reflexão mais profunda, que por sua vez auxiliará em escolhas mais apropriadas, em decisões mais coerentes. Nada de mágico existe naquelas laminas de papel estampado, nem em qualquer outro tipo de material de consulta oracular. Existe, isto sim, uma "mágica" (assim, entre aspas) e ela a se processa dentro de quem as consulta. 
O tarólogo é um estudioso dos símbolos e de suas combinações, mas não é a solução dos problemas de quem o busca. Ele é uma ponte, uma CHAVE que, se bem usada, pode ajudar a abrir as portas da percepção de quem o procura. Simples assim.

Temos que assumir, de forma consciente, que somos os únicos responsáveis pelas atitudes com que enfrentamos os desafios da vida e, consequentemente, pelos resultados provocados por todas as nossas ações. Possuímos o enorme privilégio em poder escolher o caminho a seguir usando o nosso livre arbítrio. Podemos nos abrir para possibilidades, nos libertar da prisão dos condicionamentos, nos isolar para melhor avaliarmos e liberar toda a nossa criatividade e alegria de viver, bastando saber apenas em que porta devemos, ou não, usar nossa Chave, ou seja, o nosso bom senso. 


A CHAVE é uma das 36 cartas que compõem o oráculo Lenormand, também chamado de Baralho Cigano. Símbolo de aberturas e fechamentos, representam os "códigos e senhas" que podemos ou devemos usar para termos acesso àquilo que desejamos. Ao mesmo tempo que pode significar um "insight", uma lembrança que temos, ao acaso, e que acaba sendo uma resposta ou solução a um problema, ela também pode significar um segredo, algo "guardado a 7 chaves", como se costuma dizer. Da mesma forma que ela significa libertação, pode significar aprisionamento: pode ser a revelação de algo secreto, ou manter algo em segredo, escondido.

Numa leitura cartomântica, a carta da CHAVE, dependendo da posição em que se encontra, pode estar significando que a solução para o problema, a resposta já existe dentro, ou então muito próximo, daquele que a está buscando. Revelando mistérios e segredos, permitindo que tenhamos acesso a conhecimentos, a CHAVE nos fornece a oportunidade de novos e mais significativos começos.